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O que é pior: sacolas plásticas ou embalagens descartáveis?

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Desde 5 de abril está em vigor uma lei que proíbe o uso de sacolas plásticas derivadas do petróleo na cidade de São Paulo. Com isso, vieram à tona intermináveis discussões sobre a cobrança pelas sacolas biodegradáveis, a adoção de ecobags retornáveis e de alternativas mais sustentáveis, como sacos ou caixas de papelão. O principal argumento é a preservação do meio ambiente, diminuindo a produção de um resíduo que demora mais de 100 anos para se decompor.

Neste contexto, proponho uma reflexão ainda mais ampla sobre a real necessidade das embalagens descartáveis, principalmente para os alimentos. De acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), diariamente são produzidos no Brasil cerca de 240 mil toneladas de lixo e 76% desse total vai parar nos lixões e aterros.

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Você já parou para pensar na sua contribuição para esta realidade? Apesar de dar preferência à feira e buscar consumir alimentos menos processados e consequentemente com menos embalagens, eu sempre fico mal quando, ao voltar do supermercado e colocar as compras no lugar, percebo a quantidade de lixo que sobra antes mesmo de consumir os alimentos (para quê inventar tantas caixas, embalagens plásticas a vácuo, pratinhos de isopor e cintas promocionais?). Depois, então, sobram sacos e potinhos de plástico, latas e tampinhas de alumínio… no meio de todos esses resíduos, eu acho que três ou quatro sacolinhas acabam nem fazendo taaanta diferença assim nessa conta.

O principal, na minha opinião, é que apesar de parte deste lixo ser reciclado, ainda é muito baixo o índice de reaproveitamento dos materiais. Desta forma, antes de Reutilizar e Reciclar é muito importante exercitar cada vez mais o primeiro dos 3 Rs: Reduzir.

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A primeira questão que surge, então, é: “Onde foram parar os produtos a granel nos supermercados?” Não sei porque tornaram-se tão raros nas grandes redes… lembro muito de, quando criança, ir às compras com minha avó e vê-la comprando pequenos saquinhos de papel pardo com milho para pipoca, lentilhas, feijão, farinhas…

Há muitas justificativas (ou seriam desculpas?) para a adoção de procutos já embalados, mas existem também excelentes motivos para retomar esta prática: além da diminuição de lixo, há por exemplo a oportunidade de adquirir frações menores que os pacotes de 1 quilo (o de arroz, para mim que moro sozinha, dura muitos meses!). Se a gente procurar, ainda encontra alternativas em mercearias ou na Zona Cerealista, em São Paulo, mas por que não democratizar o acesso a este tipo de compra?

Veja só algumas ideias nesse sentido que já estão em prática e com sucesso ao redor do mundo. Eu acho que demorou muito para trazerem mais iniciativas como estas para cá! Isso sim seria realmente efetivo na preservação do meio ambiente, diminuindo a produção de resíduos.

 

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Mercearia em Londres elimina embalagens

A rede Unpackaged é uma mercearia de Londres que comercializa alimentos a granel e o cliente leva a sua própria embalagem para transportá-los. A loja vende tudo, de nozes, farinha, açúcar, feijão, ervas e especiarias, a óleos, vinagres, queijo, pão e até mesmo vinho, com estritas políticas ecológicas sobre a origem dos produtos.

[Via]

 

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Primeiro supermercado zero-disperdício na Alemanha

Frustadas com a quantidade de embalagens desnecessárias e de desperdício, duas amigas tiveram a ideia de criar o supermercado Original Unverpackt, em Berlim. Após uma bem-sucedida campanha de crowdfunding (financiamento coletivo) que superou as expectativas, abriram sua primeira unidade em setembro de 2014.

[Via]

 

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Mercearia americana incentiva a redução de resíduos

In.gredients é uma iniciativa de um grupo de empresários de Austin, nos Estados Unidos, que acreditam em um mundo sem embalagens para alimentos. Além de levar a própria sacola para fazer as compras, cada cliente leva também recipientes para armazenar a comida, sejam líquidos ou sólidos. Eles inclusive prepararam um vídeo mostrando que, apenas para preparar cookies, você joga fora 13 pacotes de uso único, não-recicláveis.

[Via]

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Etiquetas facilitam o uso de recipientes reutilizáveis para armazenar alimentos

A Backyard Agrarian, uma consultoria focada em vida sustentável, lançou o TareWare — um conjunto de rótulos coloridos que permitem aos consumidores transformar recipientes usados para armazenar alimentos comprados a granel.

A etiqueta facilita a reutilização de potes que inicialmente seriam descartados, identificando o seu peso (ou a tara, que deve ser descontada do volume do alimento no momento de pesagem na balança), descartando a necessidade de saquinhos plásticos na hora da compra.

[Via]

 

E, se você acredita que uma extinção total de embalagens para alimentos ainda parece distante demais da nossa realidade, há excelentes oportunidades para os nossos designers de produtos. Alternativas mais baratas e produzidas com menos material podem ser uma ótima alternativa.

Inspirada na natureza, a designer polonesa Maja Szczypek teve a ideia de produzir um “ninho” que suporta os ovos. Para isso, usou feno natural prensado por calor para dar forma a caixinhas ambientalmente corretas, feitas a partir de matéria-prima orgânica, limpa e renovável. E o feno ainda pode ser utilizado depois para incrementar a terra da sua hortinha.

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E esta ideia de substituir garrafas PET por saquinhos plásticos biodegradáveis para servir refrigerante que seria consumido rapidamente?

A prática já é comum em alguns países da América Latina e da Ásia, que comercializam em embalagens mais baratas que as tradicionais as porções da bebida comprada em grandes quantidades. E inspirou a criação de uma imagem e um vídeo que rodaram pela internet. Infelizmente, a inovação foi desmentida pela Coca-Cola como uma iniciativa verdadeira.

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A questão está aí e as soluções mais sustentáveis são praticamente infinitas. Para mim, o que falta é a indústria olhar com mais atenção nesse sentido e começar a viabilizar outras opções para quem se importa com os resíduos que produz e quer diminuir o seu rastro ou pegada ecológica nesse mundo que ainda vai receber inúmeras gerações.

Fica aqui a minha contribuição para que você também pense um pouquinho sobre isso! 😉

Fotos: embalagens descartáveis | potes reutilizados | produtos a granel | happy eggs

 

É aquariana, curiosa, jornalista e tem uma infinidade de interesses — entre eles, a culinária. Não é chef (nem pretende ser) mas a necessidade de morar sozinha a fez experimentar a alquimia das panelas e descobrir que o fogão não é um bicho de quatro bocas.

1 Comentário

  • Felicia

    /

    Muito interessante esta tua reflexão Luciana. Parabéns!

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