Alimentos orgânicos a preço de custo em SP
Um dos fatores que dificultam a adoção de uma alimentação baseada em produtos mais naturais e sem aditivos químicos é o preço absurdo cobrado por eles na maioria das redes de supermercado e até em mercearias menores.
Alimentos chamados orgânicos são aqueles cultivados sem agrotóxicos (defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, desinfectantes, biocidas, agroquímicos etc.) e isentos de drogas veterinárias, hormônios e antibióticos e de organismos geneticamente modificados. Justamente por isso, a sua produção se torna mais cara e é reduzida. Mas agora há uma outra opção além das feiras de produtores.
O Instituto Chão é uma organização sem fins lucrativos formada por seis amigos que quiseram experimentar algo diferente e que pretendem incentivar o consumidor a pensar em toda a cadeira produtiva do alimento que chega à sua mesa. O espaço inaugurado há pouco tempo na Vila Madalena, em São Paulo, comercializa alimentos orgânicos vindos das mais diversas regiões do Brasil pelo mesmo valor pago ao produtor ou à distribuidora.
Eles trabalham com os princípios da Economia Social, uma forma de organização que coloca o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, articulando e integrando redes que fomentam a autonomia, o cooperativismo, o comércio justo e o consumo consciente. Dessa forma, visam estabelecer relações econômicas e sociais mais justas e democráticas, promover o trabalho dos parceiros e disponibilizar serviços e produtos mais sustentáveis, que reflitam questões de nossa cidade e sociedade.
De acordo com Fábio Mendes, um dos fundadores do Instituto Chão, “o objetivo é inverter a lógica de mercado. Mostrar que quanto mais organizado estiver o processo de produção, quanto mais crescer o projeto, mais barato ficarão os produtos para o consumidor”. Os produtos chegam a custar menos da metade do preço visto em uma grande rede varejista.
No Instituto Chão, é possível adquirir frutas e legumes orgânicos e também alimentos (queijo da Paraíba, sabonete de babaçu de Goiás, óleo de pequi do Tocantins, doce de leite de Minas Gerais e pão de castanha do Rio de Janeiro são alguns exemplos), além de peças de cerâmica vindas de Cunha (SP) e plantas do interior de São Paulo.
Há também no local um café, com lanches, tortas e salgados (também orgânicos). O cafezinho sai por R$ 1,50 e um sanduíche de patê de ricota com abobrinha, por exemplo, custa R$ 3,00 — preços super honestos para uma comida de qualidade e saudável.
Atualmente há duas formas de contribuir para que o projeto se mantenha, uma vez que os custos não são repassados aos consumidores: associar-se ao instituto e pagar uma mensalidade fixa de R$ 60 para adquirir quantos produtos quiser durante o período, ou comprando os produtos individualmente e fazendo uma doação do valor que puder ou achar justo — a conta sugerida pelos criadores do projeto para cobrir seus custos é de R$ 0,35 a cada R$ 1 de produto, mas o comprador contribui apenas se quiser.
A sede do Instituto Chão foi projetada para ser um espaço de convivência, trabalho e reflexão, onde deve ser fomentada a discussão dos valores e objetivos da instituição, além de encaminhar ações conjuntas que promovam a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Todas as contas do Instituto são abertas ao público (tanto as receitas como as despesas), em um painel atualizado diariamente, o que também ajuda a entender o funcionamento da casa para calcular o valor da sua doação. Tudo muito transparente, como deve ser.
Instituto Chão
Rua Harmonia, 123 — Vila Madalena (São Paulo/SP)
segunda a sábado, das 10h às 20h.
Fotos: reprodução/divulgação
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